Raquel Montero - Advogada em Ribeirão Preto

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Não importa como aconteça, importa que aconteça o amor

24/08/2022

 

 

 

Artigo também publicado pelo Jornal Tribuna em sua edição do dia 30.08.2022. No Jornal Tribuna o artigo também pode ser acessado na internet através do link:

https://www.tribunaribeirao.com.br/site/nao-importa-como-aconteca-importa-que-aconteca-o-amor/

 

 

Imagem: Reprodução

 

 

Estamos em ano de eleições, e, com elas, uma nova oportunidade de escolhas que levem a mais progresso social.

 

O debate entre candidatas e candidatos, assim como a escolha entre candidatas e candidatos, deve se dar pelas melhores propostas e pelos melhores projetos para o interesse público. A análise e a escolha deve ser sobre o conteúdo e os seus fundamentos.

 

Nesse sentido, podemos, analisando o que está posto nestas eleições, ver muita vanguarda e muita aberração. Tem para todos os gostos. Vou aqui falar de um exemplo, dentre tantos que podemos falar.

 

É possível ver (ainda em 2022!) candidatas e candidatos que se dizem "cristãos/cristãs" defenderem "união afetiva" e "família" apenas como sendo a união entre um homem e uma mulher. Para essas candidatas e esses candidatos, a união afetiva de duas mulheres ou de dois homens é errado e não caracteriza uma família.

 

Vejam a ignorância. Tais candidatas e candidatos, que se afirmam cristãs/cristãos, contrariam o próprio mestre de sua religião.

 

Diz a Bíblia, livro sagrado supostamente seguido por estes candidatos e candidatas; "ame o próximo como a ti mesmo". E quem é esse próximo? Não diz que tem ser, para o homem, uma mulher, e para a mulher, um homem.

 

Em que momento da Bíblia é vedado o amor e a união afetiva entre pessoas do mesmo sexo?

 

E Jesus, namorou e casou com quem?  Tal fato não consta na Bíblia, e não consta porque não será isso uma demonstração que nenhuma relevância tem isso para a vida de outras pessoas, tendo relevância apenas para a vida da própria pessoa?  

 

Jesus, conforme propagado pelo Cristianismo, é filho de uma virgem e a concepção teria se dado por um Espírito Santo. A história só diz "Espírito Santo", não chamou de mulher ou de homem esse espírito.

 

O Espiritismo explica que uma mulher pode reencarnar como homem, e um homem pode reencarnar como mulher, demonstrando com isso que não tem relevância alguma o sexo biológico ou a orientação sexual da pessoa, eis que a razão da existência é a evolução do espírito e a condição maior e imprescindível para isso é o amor. E tanto para a evolução, quanto para o amor, não foi estabelecida forma única. Não quer isso dizer que não importa como aconteça a evolução e o amor, mas, sim, que aconteçam?

 

Isso é algo lógico, e a própria realidade mostra isso. Em que um casal heterossexual é melhor ou mais evoluído que um casal homoafetivo? O que vai fazer com que a união afetiva de duas pessoas seja boa e bonita não é o sexo biológico das duas pessoas, mas, sim, a existência do amor e as atitudes de uma pessoa com a outra na convivência.       

 

E tal disseminação de ignorância é também um erro eleitoral, tendo em vista que os dados da realidade atestam que as uniões homoafetivas só crescem. Considerando apenas os últimos três anos, 2019-2020-2021, os registros civis de uniões homoafetivas registraram em 2021 o terceiro crescimento consecutivo no Brasil. Os dados fazem parte de levantamento feito pelo Colégio Notarial, responsável pelos cartórios de notas do Brasil.

 

Segundo levantamento feito pelo Sistema Estadual de Análise de Dados (SEADE) em 2018, e do Registro Civil de 2017 do Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE), enquanto as uniões homoafetivas cresceram 28% na região de Ribeirão Preto no ano de 2018, o número de casamentos heterossexuais na região de Ribeirão Preto caiu 17% entre 2016 e 2018.

 

Contra a ignorância, o conhecimento. Ele nos livra de falsos profetas, de maus candidatos, de más candidatas e de fake news, e nos proporciona viver a verdade, o verdadeiro amor e sermos nós mesmos/mesmas sem máscaras e sem prisões.

 

     Raquel Montero

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