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Quando se diz "Feliz Natal" deve-se ter consciência que se está festejando sobre o que teria sido a vida de uma pessoa chamada Jesus, que tratou igualmente homens e mulheres, não fez diferença entre religiões, etnias, raças, cor e orientação sexual das pessoas, foi preso político, torturado e assassinado por lutar por direitos humanos, justiça social e igualdade de oportunidades à todas as pessoas, usando como única arma o amor.

Contraditoriamente, há quem se afirme uma pessoa cristã e que festeja o Natal, mas, é racista, homofóbica, defende a tortura, defende o uso de armas de fogo, ataca direitos humanos, discrimina a mulher, defende o estupro.  Um exemplo contundente dessa contradição é o Presidente Jair Bolsonaro, e que traz junto com ele milhões de pessoas que votaram nele, e ao votar nele concordaram com o que ele prega.

Diante das milhares de mortes decorrentes do Coronavírus, e que poderiam, em sua maioria, terem sido evitadas se não fosse a gestão genocida de Bolsonaro na condução da pandemia no Brasil, ele disse; "E daí?". E em outro momento disse ironizando; "Eu sou Messias, mas não faço milagres."

Não era sobre milagres e sobre um messias que a imprensa lhe indagou, era sobre esforços na condução da pandemia. E sobre um messias, a historia do aniversariante festejado no natal traz outro aprendizado; ninguém precisa de um messias, e ainda que se queira um, não existirá um salvador que realizará os acontecimentos.

O que faz a vida mudar e os milagres acontecerem, não é um messias, é a luta, mas não qualquer luta. A luta com conhecimento, que não só liberta, como, também, nos emancipa da ignorância que tanto mal produz, e um desses resultados é fazer com que sejam eleitos maus governantes que nos levam a mazelas sociais e retrocessos.

 E cada pessoa da sociedade tem responsabilidade e capacidade de contribuir na construção dos resultados sociais e que influencia diretamente a vida individual de cada pessoa. Não é por outra razão que, segundo propagou o aniversariante Jesus, o Pai teria dito: "sóis deuses". E como deuses ele teria explicado que cada pessoa é capaz de fazer tudo aquilo que pede ao próprio Pai. As pessoas, então, carregariam dentro de si, em sua centelha divina, a força e a capacidade de realizar mudanças, em suas própria vidas e na sociedade. No mesmo sentido o filósofo, escritor e educador indiano Krishnamurti afirmava que o autoconhecimento era a chave para solucionar os problemas humanos, e a urgente mudança social só seria possível a partir de uma transformação individual (Krishnamurti, o Livro da Vida, São Paulo, 3º Ed. Academia, 2016).

 Ninguém precisa de um messias para ter responsabilidade em seus atos e contribuir no desenvolvimento social, e, ao mesmo tempo, nenhum governante será um salvador que fará sozinho com que se movam as engrenagens do desenvolvimento social e que proporciona desenvolvimento individual à cada pessoa. Na trilha da evolução, individual e coletiva, cada pessoa é responsável por seus atos e pensamentos e o que eles geram em sua vidas, nas vidas das outras pessoas e na vida como um todo. E faremos essa evolução com responsabilidade, esforço e conhecimento, de cada pessoa. É o que pregou o aniversariante do "Feliz Natal" comemorado há mais de dois mil anos.

Raquel Montero